Minha caminhada vocacional, desde o início, foi marcada pelo testemunho. Nasci no dia 14 de dezembro de 1991 e sou a primeira filha de um casal católico praticante e muito temente a Deus. Cinco anos mais tarde, na mesma data nasceu também minha única irmã, trazendo muita alegria para meus pais e para mim.
Desde muito pequenas tanto eu quanto minha irmã fomos instruídas pelos nossos pais sobre a importância de amar e respeitar a Deus. Eles nos ensinaram a rezar e a sempre nos comunicar com um Deus que é Pai, cheio de amor e misericórdia, que está sempre ao lado de todas as pessoas e pronto para se comunicar conosco e nos ouvir. Ensinaram-nos também que, sendo toda a humanidade nascida desse mesmo Deus, somos todos irmãos, com o compromisso de buscar e fazer o bem.
Sempre participando das missas na nossa comunidade, minha irmã e eu víamos o trabalho e a dedicação em diversas pastorais das irmãs do SCM que moravam no nosso bairro. Eram elas Ir. Lisieux, Ir. Lucy, Ir. Áurea e Ir. Maria de Lourdes. Percebíamos o amor que elas sentiam pela sua vocação através do carinho que demonstravam pela comunidade e pelas pessoas. Encantadas e influenciadas pelo carisma das irmãs não demorou muito para que nós ingressássemos na equipe de Cânticos e de Coroinhas, coordenadas pela Ir. Lisieux.
Participando dessas atividades fui conhecendo melhor às irmãs e suas diversas outras obras sociais junto aos presos, aos doentes, aos idosos, às crianças carentes e às famílias, além do próprio trabalho nas pastorais da Igreja, que abrangia crianças, jovens, casais, solteiros, etc. num constante envolvimento de pessoas à participação e à colaboração com essas ações. Mais tarde, tomei conhecimento do carisma que as orientava e de quem elas o herdaram. Nessa ocasião também eu passei a admirar o Padre Gailhac e a Ir. Saint Jean e mesmo sem nunca ter pensado acerca de vocação eu já sabia que queria levar a vida trabalhando “para que todos tenham vida”.
À medida que fui crescendo comecei a pensar sobre a beleza da Vida Religiosa Consagrada, que foi se apresentando para mim, com o exemplo das irmãs, como um bonito rumo a se tomar, além da vocação matrimonial e familiar, da qual sempre tive um testemunho positivo por parte dos meus pais. Naturalmente, a princípio, como toda pré-adolescente eu estava na fase das ilusões e não enxergava com tanta clareza a possibilidade de fazer uma experiência na Congregação. Porém, aos 12 anos de idade, mais ou menos, senti uma curiosidade mais intensa a respeito do assunto e um dia, conversando com a Ir. Lucy sobre vocação religiosa manifestei para ela meu desejo de investigar melhor essa questão. Ela, então, apesar de reagir positivamente e de esclarecer minhas dúvidas, incentivou-me a ir amadurecendo aos poucos a ideia no meu coração, visto que eu era ainda muito jovem para de fato, fazer uma experiência concreta.
O tempo foi passando e essa ideia oscilava no meu interior. Ora mais intensa, ora mais branda, seguindo o ritmo das minhas emoções e ilusões. Ao mesmo tempo em que desejava fazer uma experiência na vida religiosa eu também considerava o casamento como uma opção bem atrativa. Além disso, esse era o único modelo do qual eu já tinha tido exemplo dentro da família e, de certa forma, todos esperavam isso de mim.
Assim, aos 17 anos tive minha única e breve experiência de namoro. Era um colega de classe da escola em que eu estudei até o Ensino Médio, um rapaz muito bom, que tinha muito carinho por mim e pela minha família. Nessa época, porém, fui convidada a participar de algumas atividades com as irmãs em Belo horizonte, como o Encontro da Família Ampliada SCM e o “Onde moras?”, para jovens que se sentiam atraídas a conhecer melhor a Congregação; nessas ocasiões pude conhecer outras irmãs e vocacionadas, o que reacendeu o meu entusiasmo pela Vida Religiosa. Por essa razão, terminei o namoro e comecei a fazer acompanhamento vocacional com uma irmã que ia até a minha casa em Lima Duarte e passava alguns dias com minha família. Houve várias religiosas fazendo esse trabalho ao longo do tempo.
Apesar de estar fazendo o acompanhamento vocacional e me sentir animada com a presença das irmãs que me auxiliavam nesse processo de discernimento, levei um longo tempo para decidir ir, de fato, para uma comunidade. Isso porque, minha família não era a favor de que eu seguisse a Vocação Religiosa, porque eu teria que viver sempre longe de casa, o que era uma ideia assustadora, pois sempre fomos muito apegados uns aos outros em família. Além disso, o casamento era o único tipo de vocação de que eles tinham conhecimento e que apoiavam, sendo a Vida Religiosa Consagrada um caminho desconhecido para todos. Mesmo assim continuei meu acompanhamento vocacional por bastante tempo. Todas as irmãs que me acompanharam ao longo desse processo foram muito pacientes e perseverantes.
Em 2010 iniciei uma rotina muito agitada, pois comecei a trabalhar e a cursar a faculdade de Pedagogia, simultaneamente. Eu estudava em Juiz de Fora, cidade grande próxima à minha cidade natal Lima Duarte e segui nesse ritmo até 2014, quando me formei. Mas já nesse período eu estava decidida a fazer uma experiência na Congregação no ano seguinte.
Assim, no dia 26 de janeiro de 2015 iniciei meu Aspirantado na Comunidade Ir. Saint Jean, no bairro Lagoa em Belo Horizonte. Aí, tive a oportunidade de conhecer melhor a finalidade da vida comunitária e de crescer bastante com a ajuda da Ir. Aélita, que na época estava para entrar no Noviciado e permaneceu ali por um tempo e das irmãs Judith Calimã, Maria de Lourdes Machado e Delva. Nesse tempo, pude também fazer um estágio no Colégio SCM de BH, onde pude aprender muito profissional e pessoalmente com meus colegas de trabalho, as crianças e com todas as pessoas com quem trabalhei e convivi. Com o povo da comunidade do Lagoa não tive muita convivência por causa do trabalho mas mesmo assim, participei das celebrações nas igrejas do bairro, dos encontros da Família Ampliada e de diversas atividades com a juventude local.
No ano seguinte me mudei para Feira de Santana, na Bahia, para a comunidade também Ir. Saint Jean onde fiz meu Postulantado. Lá eu convivi com a Daniela, também postulante na época e com as irmãs Suzana e Marina, além de outras irmãs que passavam por lá, como a Ir. Rita Pessoa, a Ir. Luísa, que fez estágio conosco em 2016, quando era noviça e a Irmã Precious, que foi viver lá conosco no início de 2017. Permaneci ali por dois anos e pude vivenciar experiências riquíssimas para a minha formação e crescimento junto ao povo e às irmãs. Tive também mais oportunidade de participar de atividades diversas, como catequese, liturgia, grupo de jovens, trabalho voluntário em escolas públicas, convivência com o povo na igreja e através das visitas, dentre outras. Participei também de vários eventos em outras localidades, como a Missão Jovem com os alunos do Colégio SCM de Ubá e de Jornadas Vocacionais ali e no Colégio de Vitória, ES. Além disso, foi nesse período, no ano de 2017 que fiz minha experiência de internacionalidade na Zâmbia por quase três meses, que foi muito importante para mim.
Agora estou vivenciando a etapa do Noviciado, que iniciei oficialmente no dia 24 de fevereiro desse ano, 2018, mas onde estou desde o dia 03. Está sendo uma etapa muito boa e desafiadora, mas que eu venho seguindo no exercício da fé Naquele que me chamou e buscando crescer e me tornar cada vez mais atenta aos sinais da vontade de Deus na minha vida em cada momento.